Prepare-se para mudanças profundas nos próximos anos em termos de conjunto motor-câmbio (powertrain) de seu automóvel. Quem pensa que depois de mais de 120 anos o motor a combustão interna (MCI) já deu o que tinha que dar, certamente está enganado. É inegável existir espaço (pequeno) para os veículos elétricos a bateria nos próximos 10 anos, mas em curto e médio prazos os MCI a gasolina, etanol/flex, GNV e diesel estarão tão desenvolvidos e mais limpos que continuarão competitivos no mínimo até 2030.
A diminuição de consumo de combustível, única forma de controlar as emissões de gás carbônico (CO2) suspeito de colaborar para as mudanças climáticas, continua como objetivo primordial. Já se sabe que a era de km/h vai mudar para a de km/litro, ou seja, potência e velocidade submetidas ao menor consumo ou maior autonomia possíveis.
Mesmo na Europa, onde esse movimento é muito forte, existe quem afirme que carros elétricos são tão “verdes” como a forma de obter a energia. Não há emissões gasosas locais, de fato, mas para gerar eletricidade na maior parte do mundo há que liberar CO2 para a atmosfera em usinas térmicas. Poucos países contam com hidroeletricidade ou geração atômica suficientes. Feitas as contas, um carro elétrico de porte médio-compacto “emite” indiretamente mais de 80 g/km de CO2 na média do Velho Continente.
Hoje, no entanto, está à venda um automóvel convencional a gasolina homologado para apenas 92 g/km. É o recém-lançado Fiat 500, de dois cilindros em linha, turbocomprimido e gerenciamento eletrônico das válvulas de admissão (MultiAir), desenvolvido pela FPT, braço de powertrain da marca italiana. A tendência de diminuir o número de cilindros é irreversível em carros pequenos. Todos os grandes fabricantes trabalham em novos motores de três cilindros. A Fiat preferiu o menor atrito e dimensões reduzidas do dois-cilindros, entre outras vantagens.
Em avaliação na Itália, impressionou o desempenho do motor de apenas 900 cm³/85 cv e torque vigoroso de 14,8 kgf.m (equivalente a de um motor de 1,5 litro) a 1.900 rpm. É necessário entender o menor conforto acústico em qualquer propulsor com menos de quatro cilindros. O típico motorista europeu aceita. No Brasil há que se avaliar, pois o motor (sem turbo) está nos planos da fábrica de Betim (MG).
Essa versão do 500 possui um botão no painel para a posição ECO a fim de cortar o torque em um terço, útil a um usuário que dirige de forma tranquila, com menor nível de ruído no habitáculo e potencial de diminuir o consumo de gasolina. Também está equipado de série com sistema liga-desliga o motor, aos poucos avançando nos modelos europeus em busca de economia e silêncio nas cidades.
O MultiAir deve estar ainda em 2010 no Punto brasileiro, com o motor importado de 1,4 litro turbo de 163 cv, que vai estrear também a grife Abarth, sinônimo de esportividade. Aquela tecnologia de acionamento eletro-hidráulico das válvulas proporciona um grande salto de eficiência (maior taxa de compressão efetiva) dos motores flex, em especial ao utilizar etanol. A FPT trabalha nesse sentido, inclusive por facilitar bastante a partida em dias frios. Por enquanto, a Fiat nada confirma.
RODA VIVA
NISSAN está apostando também em inovações mecânicas para o seu novo compacto a ser produzido em quatro fábricas e importado para o Brasil a partir do México, no segundo semestre de 2011. Informações do exterior garantem que haverá uma versão com motor de três cilindros. Nada foi decidido se esse motor também faz parte das opções no mercado brasileiro.
SERÁ difícil a Ford esconder lançamentos graças à política de veículos para todas as partes do mundo. A nova picape média Ranger acaba de sair na Austrália, igual à que se fabricará na Argentina em 2012 e vendida aqui também. Versões de acabamento e pequenos retoques para o Mercosul caberão ao centro de engenharia e estilo em Camaçari (BA).
CONFORME antecipado pela coluna, o certificado de licenciamento anual terá, a partir de 1º de novembro, uma observação, caso o veículo deixe de atender os recalls de segurança. Espera-se dessa forma estimular o proprietário a levar o carro à concessionária para o conserto. Falta estipular prazos entre regularização e inserção no cadastro do Denatran.
RELAÇÃO preço-benefício é o ponto forte do Logan com motor de 1 litro/16 válvulas/77 cv (etanol). Por R$ 29.000,00 (versão de entrada Authentique) tem espaço interno bem acima dos padrões de compacto, além de grande porta-malas de 510 litros. Há pouca diferença de desempenho usando etanol ou gasolina, mas o motor agrada no geral. Já o estilo não ajuda.
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