Conceitos mostram o que será o amanhã?

O futuro é bizarro. Pelo menos parece ser esta a percepção de alguns designers encarregados de tentar prever as tendências da indústria automotiva. A ideia não é nova, e serve tanto para mexer com o imaginário do visitante dos salões de automóveis – como recentemente no Salão de Paris –, quanto para antecipar inovações que chegarão às ruas em curto prazo. Mas algumas das criações parecem vir de outra dimensão, graças ao desenho incomum. Vão desde compactos urbanos, até esportivos e utilitários esportivos. Em comum, essas "previsões" vêm carregadas de oportuna preocupação ambiental. No motorshow francês, as esquisitices estavam lá. O evento, conhecido como um dos mais importantes do mundo, não deixou a desejar. A Citroën, por exemplo, resolveu juntar merchandising e futurologia em um modelo só. O principal protótipo da marca francesa em Paris é o Lacoste Concept, feito em parceria com a compatriota grife de roupas. O visual é estranho e o modelo tem jacarezinhos – logotipo da Lacoste – espalhados na carroceria e nos bancos. Parece uma mistura de buggy com um daqueles carrinhos elétricos usados em campos de golfe. Não é para menos. A Citroën declarou que o Lacoste Concept foi inspirado em uma bola de golfe. O teto é estreito em todos os 3,45 metros de comprimento do carro e dá a impressão de uma "espinha dorsal", segundo algum criativo projetista Citroën. Quando chove, uma tenda plástica automaticamente se estende e protege os ocupantes. O interior também é inovador. O quadro de instrumentos e o painel foram substituídos por uma tela que se estende por todo o interior e que traz até um desenho de coração. Mas como o futuro da locomoção em cidades é prioridade na pauta das montadoras, é natural que esse seja um dos alvos mais comuns dos conceitos. E onde os projetistas levam ao extremo seus devaneios. O Peugeot HR1, por exemplo, é uma mistura total. Segundo a fabricante, características de compactos, SUVs e cupê estão incluídas na carroceria. Além do estranho desenho, o destaque vai para o propulsor. O HR1 é equipado com a tecnologia Hybrid4 da Peugeot, que bota um motor a combustão na dianteira e um elétrico na parte de trás – tecnologia já presente em carros comercializados pela marca, como o3008. A potência combinada dos dois é de 147 cv e o consumo prometido é de 28,5 km/l. Ainda na tomada dos carros urbanos, a Kia apresentou o Pop. É um veículo pequeno, com bom aproveitamento de espaço e motores "verdes". No caso do Pop, apenas um propulsor elétrico move o compacto de 3 metros de comprimento. O design é bem futurista. O capô é curto e, junto com os faróis e com o para-choque, formam uma "cara feliz". O enorme vidro dianteiro também funciona como teto e as janelas parecem pílulas. A Nissan usou uma estratégia parecida com a da Peugeot na concepção do Townpod, um pequeno SUV urbano. Criou um protótipo que usa tecnologia já embarcada em veículos atualmente vendidos pela marca – mais precisamente, vinda do elétrico Leaf. O conceito usa o mesmo sistema de baterias de lítio capaz de armazenar cerca de 90 kW, além dos freios regenerativos que ajudam no recarregamento. Outro ponto que chama a atenção são as portas "suicidas", que ajudam na entrada dos ocupantes. A frente também lembra a face de um personagem de desenho animado. A marca menos conhecida da turma que compõe a lista dos modelos mais estranhos do Salão de Paris é a Venturi. No motorshow, a empresa do Principado de Mônaco lançou o America, uma mistura de buggy com esportivo. O design lembra um cupê, mas sem as portas e com um teto bastante estreito. Mas o grande destaque, sem dúvida, é o motor elétrico, que foge um pouco dos "companheiros" mais compactos e comedidos na força. Com 304 cv de potência e 38,7 kgfm de torque, o America ainda consegue ter autonomia anunciada de 300 km.