Rodamos 440km com o Suzuki Grand Vitara, que mistura valentia com suavidade

RIO - O gerente da concessionária fazia as considerações finais enquanto regulávamos o banco e o volante. Com o vidro do Suzuki Grand Vitara aberto, ouvíamos ainda o barulho do mar da Barra da Tijuca e o som dos carros que passavam. Conversa encerrada, agradecemos e fechamos a janela do motorista. O mundo se calou ao redor - é... há algo muito diferente entre este jipe japonês e seu antecessor.

É a primeira vez que testamos, de verdade, um Suzuki após a volta da marca ao mercado brasileiro, em 2008. O último que dirigimos foi o Chevrolet Tracker, um Grand Vitara antigo disfarçado com gravatinha dourada, coisa dos tempos da parceria GM/Suzuki. Era um jipinho típico, duro, daqueles que nos fazem lembrar da existência dos rins e do cóccix a cada buraco. O carro de hoje, não. Estamos em um utilitário de luxo, firme como um samurai, dócil como uma gueixa.

O carro testado tem câmbio manual de engates fáceis. Um conselho às moças que pretendem investir nesta versão: façam um bom teste antes.

E, há também o Vitara automático.


Começamos nosso périplo, que durou uma semana e 440 quilômetros. O Suzuki é mais firme que os jipões da moda, como Honda CR-V e Chevrolet Captiva. Seu interior é bem cuidado, mas simples, com plásticos pretos de boa qualidade e bancos forrados de tecido na mesma cor. Tudo é fácil de limpar, pois o Suzuki é saliente, capaz de estrepolias que seus concorrentes nem sonham encarar. No painel, um botão giratório seleciona os modos de tração: integral com distribuição de força entre os eixos, 4x4 com diferencial central bloqueado ou reduzida.

Da Barra até a Lagoa, o Vitara cinza se perde entre utilitários pretos e pratas. O jipe é discreto, pouco maior que um Hyundai Tucson. Por dentro, o Suzuki oferece espaço para cinco adultos. O carro cresceu para agradar ao público que antes transportava a família em caminhonetes e minivans.

Nos primeiros dias de teste, rodamos apenas pela cidade. Desconfiamos da capacidade de o motor 2.0 de 140cv empurrar a contento os 1.629 quilos do Suzuki, mas não houve problema. A máquina gira suave e o câmbio é bem escalonado, movendo o bicho sem que fosse preciso afundar o pé e fazer o ronco invadir a cabine. Guiando com delicadeza, fizemos a boa média de 8,3km/l na cidade.

Hora de subir a serra de Petrópolis

Crédito: Marco Antonio Teixeira

Até aquele momento, o Vitara mostrara-se um bom companheiro no dia a dia, sem a rudeza do antigo, feito para a terra. Faltava saber como se portaria em uma viagem, nas velocidades mais altas e curvas da estrada. Como é tradição, subimos a serra para uma sessão de testes e fotos.

A direção, leve na cidade, fica firme e direta na estrada. A firmeza da suspensão passa confiança, e chegamos às primeiras curvas da subida para Petrópolis animados. Descobrimos um carro que balança pouco e mantém a trajetória. A coisa só complica um pouco sobre piso irregular, quando os pneus tendem a quicar e pedem calma.

O segredo da estabilidade começa na tração integral, que distribui a força entre os eixos continuamente. Fundamental também é a construção monobloco e a suspensão traseira multibraço - o Vitara de antes tinha chassi e um pesado eixo rígido lá atrás. O modelo atual parece estar duas gerações à frente do antecessor.

No convívio, o pragmatismo dos japoneses às vezes irrita. O volante só tem regulagem de altura, e o único vidro que pode descer com um só toque é o do motorista. A chave de haste comprida que fica espetando no bolso é outra características desses orientais. Isso faz com que os Suzuki, Honda, Toyota ou Nissan pareçam todos de um mesmo fabricante quando vistos por dentro.

Somamos as médias dos testes de consumo na estrada. Cravamos 12km/l, outra boa marca. Apesar do peso, o Vitara bebeu o mesmo que um sedã médio de motor 2,0 litros.

Mercado brasileiro, aqui me tens de regresso

A geração atual do Vitara foi lançada no Japão em 2005 e chegou ao Brasil há dois anos, na volta da Suzuki ao país. Antes disso, a marca estivera presente por aqui entre 1991 e 2003, mas abandonou nosso mercado com um breve comunicado que culpava a desvalorização do real (o dólar beirava os R$ 4) e as vendas em baixa.

Hoje, a marca é representada pela SVB, cujo principal acionista é Eduardo Souza Ramos, o empresário que importa ou monta em Catalão (GO) os Mitsubishi vendidos aqui.

Assim, caminham a passos largos as negociações para montagem de modelos Suzuki em Goiás. Não por acaso, o atual presidente da marca, Luiz Rosenfeld, foi o responsável pela implantação da fábrica Mitsubishi.

Em outubro de 2008, havia dez concessionárias Suzuki no Brasil. Hoje, são 64. O Grand Vitara testado é encontrado nessas lojas por R$ 85.000, e traz de série rodas de liga leve de 17 polegadas, airbag duplo, freios com ABS e toca-CDs com leitor de MP3 e capacidade para seis discos, além de entrada auxiliar.

Nosso carro veio com uma central multimídia que inclui no mesmo equipamento navegador por GPS, DVD, televisão e som. É um acessório que custa R$ 5.800.

Suzuki 4x4 custa menos que Honda 4x2

Área interna do Suzuki Grand Vitara / Crédito: Marco Antonio Teixeira

Com câmbio automático de quatro marchas, o preço do Suzuki chega a R$ 89.990. O Honda CR-V mais barato sai por R$ 89.490, mas com tração apenas nas rodas dianteiras.

Um CR-V 4x4 (versão EXL) custa R$ 104.910, sem caixa de redução.

Se, com o passar dos anos, a geração atual honrar a robustez dos Vitara antigos (muitos continuam enfrentando trilhas Brasil afora), há grandes chances de uma nova clientela se consolidar. É esperar para ver.

Fonte: O Globo

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