Ele é o carro mais vendido da história do Brasil e já conquistou sucesso comparável ao do lendário Fusca. O Gol é o maior sucesso da Volkswagen no país e chega ao seu 30º aniversário em plena forma.
O Gol começou a nascer na segunda metade dos anos 70. A filial brasileira da VW já estudava a possibilidade de aposentar o Fusca, tanto é que a montadora havia desenvolvido a Brasília justamente com este objetivo. O modelo foi um sucesso, mas a Volkswagen queria um carro mais compacto e robusto, pronto para encarar as (péssimas) estradas brasileiras.
O Gol começou a nascer na segunda metade dos anos 70. A filial brasileira da VW já estudava a possibilidade de aposentar o Fusca, tanto é que a montadora havia desenvolvido a Brasília justamente com este objetivo. O modelo foi um sucesso, mas a Volkswagen queria um carro mais compacto e robusto, pronto para encarar as (péssimas) estradas brasileiras.
Em maio de 1980, o Gol chegava ao mercado brasileiro. Vendido em duas versões (básica e L), o hatchback impressionava pelo design moderno, inspirado no belo esportivo Scirocco. O interior lembrava outros modelos da marca, como o Passat e a Variant II. O calcanhar-de-aquiles do Gol era o motor 1.3 refrigerado a ar e de carburação simples, emprestado do Fusca, que pedia água na hora de acelerar. Os parcos 42 cv faziam com que o carro acelerasse de 0 a 100 km/h em 22 segundos, atingindo a velocidade máxima de 130 km/h.
Em 1981, a Volkswagen tentou corrigir o erro ao oferecer o motor 1.6 a ar de carburador duplo e 51 cv. Enquanto isso, a família BX crescia com a chegada do sedã Voyage, da perua Parati e da picape Saveiro. Dois anos mais tarde, o Gol ganhou sua primeira versão esportiva. O Gol GT tinha um motor 1.8 equipado com comando de válvulas do Golf GTI alemão, que desenvolvia 99 cv e um torque máximo de 14,9 mkgf. O carro partia da imobilidade e atingia os 100 km/h em 9,7 segundos, chegando à velocidade final de 180 km/h.
A linha 1985, enfim, trazia um motor 1.6 arrefecido a água, mas somente para as versões S e LS, oferecido juntamente com uma nova dianteira (a mesma do Voyage). A primeira reestilização veio dois anos mais tarde e trazia mudanças como uma frente mais baixa, para-choques plásticos e lanternas maiores. Entre as novas versões, o GT cedia seu lugar para o GTS, incrementado com faróis de neblina integrados ao para-choque e um vistoso aerofólio traseiro. 1987 também ficou marcado como o ano em que o Gol se tornou o carro mais vendido do Brasil, posto que ocupa até hoje.
Em 1988, o Gol ganhava dois painéis distintos: um era mais simples e equipava as versões CL e GL, enquanto que outro mais requintado, com instrumentos parecidos com os do Santana, era encontrado apenas no GTS. No Salão do Automóvel daquele mesmo ano, a VW apresentava o Gol GTi. O esportivo marcou uma geração inteira com sua pintura em azul e os para-choques e moldura lateral em prata. Mas o grande trunfo do GTi estava sob o capô: o motor AP (de Alta Performance) de 2-litros era equipado com injeção eletrônica, fazendo dele o primeiro veículo brasileiro produzido em série dotado da tecnologia que dispensava o afogador. Eram 112 cv, que levavam o carro aos 185 km/h.
O ano de 1990 reservou novidades para a Volkswagen. A aliança firmada com a Ford criou a Autolatina, que rendia seus primeiros frutos naquele ano. O Gol CL ganhou o motor CHT utilizado no Escort, rebatizado como AE-1600 pela VW. O propulsor era econômico e agradava em baixas rotações, mas não oferecia a esportividade da consagrada família AP.
Em 1991, o Gol sofria uma reestilização frontal, com faróis e grade mais afilados. As versões GTS e GTI ganhavam as rodas de liga leve Orbital, que se tornariam um clássico entre os entusiastas de VW. No ano seguinte, a montadora introduziu o catalisador para atender às novas normas de emissões de poluentes e lançou o Gol 1.000 para rivalizar com o Uno Mille, pioneiro no então promissor segmento de populares.
Apesar do sucesso inabalável, o Gol já demonstrava sinais de cansaço diante de uma concorrência atualizada. A chegada do moderno Chevrolet Corsa provocou uma correria às revendas da GM e a VW tinha de responder à altura. Foi aí que, em 1994, os alemães lançaram a segunda geração do Gol.
As linhas arredondadas, que rompiam com o desenho retilíneo do Gol, renderam ao carro o apelido de “Bolinha”. Todas as versões contavam com injeção eletrônica monoponto e o GTS saía de cena, assim como o sedã Voyage (que só voltaria à cena em 2008).
As maiores novidades foram reservadas ao esportivo GTI, que ganhou a companhia do GTI 16V. O Gol mais nervoso de todos os tempos possuía um motor 2.0 importado da Alemanha, que rendia 145 cv. As rodas de 15 polegadas e as lanternas fumê davam um ar intimidador ao Gol, mas nada comparável à vistosa bolha no capô, um ressalto necessário para acomodar o propulsor. O desempenho era de gente grande: aceleração de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos e velocidade máxima de 206 km/h, segundo a VW.
Em 1997, Gol e Parati ganhavam a opção de quatro portas, algo que seus rivais já ofereciam há algum tempo. No mesmo ano, a VW lançava o Gol GLS, uma tentativa de oferecer uma versão mais requintada do compacto, equipada com um motor 2.0 de 111 cv. A VW passaria a oferecer o motor 1.0 com 16 válvulas em 1999, acompanhando uma tendência que contaminou todas as grandes montadoras.
No ano seguinte, chegava ao mercado o Gol Geração III, que na essência era nada mais do que uma reestilização do “Bolinha”. As linhas arredondadas foram substituídas por traços mais retos, condizentes com os modelos da VW daquela época. O interior ganhou em requinte, com painel em dois tons e instrumentos com iluminação em azul e vermelho, como no Golf e no Passat. O Gol podia ser equipado até com airbag duplo, um “luxo” difícil de imaginar anteriormente.
Em 2000, a política do governo de conceder uma alíquota de IPI menor aos carros de até 1.000 cilindradas estimulou a Volkswagen a lançar o motor 1.0 16V Turbo. As respostas rápidas dos 112 cv eram compatíveis com muitos propulsores 2.0: a aceleração de 0 a 100 km/h era realizada em 9,8 segundos e a velocidade final beirava os 190 km/h. No ano de 2001, o Gol supera o recorde histórico de emplacamentos do Fusca e torna-se o carro mais vendido da indústria brasileira.
Em 2002, o Gol 1.0 16V ganhou o sobrenome Power e válvulas com acionamento roletado, elevando sua potência para 76 cv. O motor com oito válvulas também passou pelas mesmas alterações, subindo para 65 cv. Em março do ano seguinte, a VW largou na frente ao lançar o Gol 1.6 Total Flex, primeiro carro do Brasil a rodar com álcool, gasolina ou a mistura dos dois combustíveis em qualquer proporção no tanque.
O motor 16V Turbo era descontinuado em 2004 e, em 2005, os motores 1.0 de oito válvulas (o 1.0 16V saía de linha) e 1.8 ganhavam a tecnologia flex. A linha 2006 trazia mais uma reestilização, batizada pela VW como “Geração 4”. Por fora, as alterações estéticas acompanhavam o padrão de estilo adotado pela marca em outros modelos, mas o interior empobreceu em relação ao seu antecessor. Em 2007, a VW lançava o Gol Rallye, que, assim como a Parati Crossover, tentava surfar na onda dos aventureiros urbanos, segmento criado pela Fiat em 1999.
E por falar na marca italiana, o Fiat Palio já ameaçava o reinado aparentemente soberano do Gol quando a VW apresentou, em 2008, o Novo Gol. O carro era completamente inédito e deixou para trás defeitos crônicos de um projeto defasado. Os componentes emprestados do Polo e a transmissão MQ-200 de engates suaves e precisos fazem o Gol recuperar seu prestígio junto aos fãs.
Em 2010, a Volkswagen celebrou o 30º aniversário do Gol como uma festa em São Paulo (SP). De quebra, o público que foi ao evento ainda viu o emplacamento do primeiro Gol com placa preta do Brasil. O modelo 1980 recebeu o certificado que atesta a originalidade do veículo, concedido apenas a carros com mais de 30 anos de fabricação e que o classifica como um legítimo automóvel de colecionador. Neste ano, o Gol caminha para fechar seu 24º ano na liderança de vendas e não parece dar sinais de que vai abdicar do trono tão cedo.
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